José de Vasconcellos Bittencourt Junior, ao chegar a Casa
Branca, por volta de 1878, formou a Fazenda Terra Vermelha com um provável primo. Terras
estas nas quais foram morar Rodrigo e seus descendentes, ao chegar a São Paulo
na virada do século XIX para XX.
O referido irmão é mencionado pelo jornal O Tambaú(1) como
sócio da propriedade. Segundo a mesma notícia, este irmão teria sido nomeado para a
Coletoria Estadual da cidade, cargo exercido por ele até 1923. A questão é: Quem era o irmão de José de Vasconcellos Bittencourt Júnior mencionado naquele relato? Prá começar, temos duas pistas: foi co-proprietário da
Fazenda Terra Vermelha e primeiro Coletor de Tambaú.
Fontes históricas pesquisadas(2) referem a uma “fazenda
agrícola chamada Palmeiras da Terra Vermelha de propriedade de José de
Vasconcellos Bittencourt e outros”, banhada pelo Rio Tambahú, com 824,3 hectares e
dividida judicialmente em 1884, antes pertencente ao Conde de Valença.
No mesmo estudo, há outra referência à “Fazenda Terra
Vermelha”, no distrito de Tambahú, também pertencente ao mesmo José de
Vasconcellos (Coronel Cazuza)(3). Noutro trecho menciona a Fazenda Terra Vermelha “de Cima”,
localizada a 6 km
da estação de Tambahú, também pertencente ao “Capitão” (sic) José de Vasconcellos Bittencourt e outros, com área de 1.259 hectares .
Então, com diversas denominações, ou simplesmente partes ou
desmembramento das mesmas terras, a Fazenda é sempre dada como de propriedade
do Coronel . É noutro estudo, contudo, que analisa o financiamento
da atividade agrícola na história de São Paulo que, finalmente, surge o nome do
suposto irmão de José de Vasconcellos Bittencourt. A Fazenda terra Vermelha é
citada como sendo de José e Augusto de
Vasconcellos Bittencourt(4).
Para confirmar esta relação de parentesco foi investigada a informação de que o referido Augusto fora nomeado Coletor de Tambaú. Uma busca no Diário
Oficial da União, de 1912, resultou na confirmação parcial: Augusto é nomeado, em abril daquele ano, para o cargo de ajudante e, posteriormente, em outubro,
designado como Escrivão substituto da Coletoria de Rendas Federais de Casa
Branca-SP.
Noutra fonte de pesquisa, procurando indícios da passagem de
Augusto de Vasconcellos pela Bahia, uma nova citação é encontrada. Trata-se do
trabalho do historiador Erivaldo Fagundes Neves (UEFS), sobre os
“Sampauleiros”(5) que tiveram procurações registradas no Cartório de Caetité,
autorizando a venda de escravos. Além do nome de Augusto de Vasconcelos
Bittencourt (com cinco procurações), temos uma única procuração em nome de Rodrigo
de Vasconcellos Bittencourt. Nove outras procurações estão associadas a José de
Vasconcelos Bittencourt Júnior.
Parece-me assim, estabelecido um vínculo de parentesco entre
José e Augusto de Vasconcellos Bittencourt, como oriundos das Minas do
Rio de Contas, proprietários de uma fazenda cuja família de Rodrigo de
Vasconcellos Bittencourt passou a residir.
Vale dizer, que também foram anotados registros pontuais de
nascimento de outros Vasconcellos na mesma Fazenda Terra Vermelha, a exemplo dos Vasconcellos Spínula (variação de Spínola) (6). Observa-se que alguns dos Vasconcellos Spínula encontrados nestes levantamentos em Tambaú, são igualmente oriundos das Minas do Rio de
Contas, tendo se transferido para São Paulo mais ou menos no mesmo período. São indícios da intensa migração.
No entanto, informações obtidas posteriormente permitiu concluir que Augusto não era irmão de José de Vasconcellos Bittencourt, e sim um primo em segundo grau (7). Augusto era filho de Dona Anna Amélia(1810-1909), casada com o Major Francisco de Vasconcellos Bittencourt (1810-1886).
NVJ.
(1)
Ver em A Fazenda
Terra Vermelha
(2)
Informação
disponível na Revista do Instituto Geográfico e Histórico de São Paulo, vol. XII, de 1906 (pag. 172 e 212). Como se
pode verificar em: http://www23.us.archive.org/stream/revistadoinstit02paulgoog/revistadoinstit02paulgoog_djvu.txt
(3)
José de
Vasconcellos Bittencourt passou a ser conhecido popularmente como Coronel
Cazuza. Esse apelido teria herdado do próprio pai, que adotou anteriormente essa mesma denominação, na Bahia.
(4)
Ver Tese de RODRIGO FONTANARI – “O PROBLEMA
DO FINANCIAMENTO: UMA ANÁLISE HISTÓRICA SOBRE O CRÉDITO NO COMPLEXO
CAFEEIRO PAULISTA: CASA BRANCA (1874-1914) UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
(5)
Ver o texto
“SAMPAULEIROS TRAFICANTES: COMÉRCIO DE ESCRAVOS DO ALTO SERTÃO DA BAHIA PARA O
OESTE CAFEEIRO PAULISTA”, Disponível em: http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n24_p97.pdf
(6) Os Vasconcellos Bittencourt também são Spínola, por descendência de Thimóteo Souza Spínola. Também açoriano, três das filhas de Thimóteo se carasaram no Brasil com três Vasconcellos Bittencourt, inclusive José, avô de Rodrigo e José Júnior.
(7) Mais informações em https://vasconcelosbahia.blogspot.com/2017/05/augusto-de-vasconcellos-bittencourt.html
(6) Os Vasconcellos Bittencourt também são Spínola, por descendência de Thimóteo Souza Spínola. Também açoriano, três das filhas de Thimóteo se carasaram no Brasil com três Vasconcellos Bittencourt, inclusive José, avô de Rodrigo e José Júnior.
(7) Mais informações em https://vasconcelosbahia.blogspot.com/2017/05/augusto-de-vasconcellos-bittencourt.html
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