sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Apoio a Ruy Barbosa

Os Vasconcellos Bittencourt ao se radicarem em São Paulo, especialmente os irmãos José e Rodrigo, mantiveram intensa movimentação política, tendo sido vereadores nos municípios de Casa Branca e Tambahu.
Neste texto, veremos as circunstâncias do apoio a outro baiano, Ruy Barbosa, o "Águia de Haia".
Era primeiro de agosto de 1913, quando a Câmara de Vereadores de Tambahu-SP, então presidida por Rodrigo de Vasconcellos Bittencourt, fez aprovar uma moção de apoio à candidatura de Ruy Barbosa à Presidência da República.
Era a segunda vez que o "genial Pioneiro da Liberdade" nos dizeres daquele documento, apresentava seu nome à disputa para o cargo máximo do executivo nacional. Na primeira vez, em 1910, marcou com a "campanha civilista" uma importante passagem da política nacional, obtendo expressiva votação, em contraposição à candidatura militar de Hermes da Fonseca. Essa campanha foi possível em função da divisão da tradicional política do café-com-leite. Daquela vez, São Paulo ficou sem candidato, restando apoiar o principal nome da oposição, Ruy Barbosa.
Em 1913, contudo, Ruy não conseguiu apoio suficiente para enfrentar o mineiro Wenceslau Brás, que obteve o apoio também do governo paulista, que tinha Rodrigues Alves como principal liderança política.
Neste contexto, a Câmara de Tambahu, num ato de rebeldia, manifesta-se contrária ao posicionamento do presidente de São Paulo. Diante da grave situação, diz a Moção, "não é permitido a indiferença, a apatia", e mais, "a inércia é a morte, a luta é a vida". Assim, enaltecendo a sua figura, declara apoio a Ruy. Este, no entanto, em dezembro do mesmo ano, lança carta em que fundamenta a desistência da candidatura, abrindo caminho à vitória de Wenceslau Bras.
Abaixo, um fac-símile da primeira página da edição de 4 de agosto de 1913 do jornal o Estado de São Paulo, na qual se vê publicado o documento aprovado pela Câmara de Vereadores.



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Genealogia contada


Quando o Seu Sebastião José da Silva Meira faleceu, em 1938, deixou sete filhos pequenos: Anna, Maria, Flora, Constança, Cândida, José e Sebastião; a mais velha com nove anos de idade, e o caçula com apenas cinco meses.
Não foi fácil para Dona Maria Carlota Moura, viúva de Seu Sebastião aos 40 anos de idade, com prole numerosa, sendo cinco, meninas. Anna, ainda menina, ajudava a mãe com os mais novos, mas era muito trabalho. Não fosse a mão escrava que sustentava e cuidava da riqueza da família, sua vida não seria fácil.
Maria Carlota olhava para a prole e pensava na sua própria infância. Órfã de mãe aos três anos, sendo a única filha mulher, teve que se ver com afazeres domésticos desde cedo, ajudando na criação dos irmãos. Dona Maria Efigênia da Rocha Albuquerque, sua mãe, morrera de parto, e seu pai, Martiniano José de Moura faleceu quando Carlota completara 19 anos de idade.
Tempos difíceis. O irmão de Maria Carlota, José Honório, primogênito que assumiu a liderança da família, acabou assassinado nas ruas da Vila de Rio de Contas em decorrência de disputas políticas, também muito novo, aos vinte sete anos, durante o processo da Independência do Brasil.
Maria Carlota e os demais irmãos, Antonio Justiniano e Martiniano, buscaram justiça. Inconformados com o assassinato pediram uma devassa em 1823, contra o “partido português” na guerra entre brasileiros e portugueses. Ao final, prevaleceu a impunidade e a perda do irmão, que contava apenas com 27 anos de idade.
Assim, naquele início do ano de 1838, a família Moura já passara por muito desgosto e tristeza, e o falecimento de Sebastião Meira representava novos desafios para D. Carlota e seus filhos.
O clima político era acirrado no sertão. Sete anos após a morte do marido, Carlota acompanhou a contenda entre as famílias Canguçu e Moura, resultando na morte do irmão, Martiniano. No mesmo episódio, um grave atentado contra Manuel Justiniano, por pouco também não ceifa a vida do seu último irmão.
Nem todos os filhos sobreviveriam à infância e adolescência. Flora, uma das mais novas, morre em 1850, aos quinze anos, "de feridas pelo corpo", revelando as limitações dos tratamentos de então.
Entre as filhas de Maria Carlota, Constança, que se casou com Wenceslau Risério de Araújo, teve prole numerosa e vida longa.

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