Depois de viver cerca de dez anos em Caetité, Isaura volta para Brumado em 1961. Desta vez ela e Osório vão viver na cidade. Residiram
em várias casas até que em setembro de 1965, passam a morar na
casa da Praça Anastácio.
Aos oitenta anos, Osório tinha enfrentado complicações na saúde que o deixaram debilitado.
Gostava de ficar sentado numa cadeira na calçada
da sua casa onde sempre passava alguém conhecido, e embora já não escutasse muito bem, trocava
uns dedos de prosa.
Certa feita, lá estava Osório. Bengala na mão, batendo-a no chão cadenciadamente, quando se aproxima seu afilhado David,
irmão de Bia, Zezito e Antônio. Osório comenta: - esses filhos de
Compadre Liô gostam de aumentar as
coisas... Isto custou tanto... Comprou por tanto... Tudo mentira...
Diná, ao seu lado, alertou: "pai, é David."
- "E
eu não sei... Tudo mentiroso!"
David, no entanto, já conhecia o estilo do velho Osório e não se importou com o comentário.
Num
desses dias, passa um cidadão e o cumprimenta:
-
"Bom dia Seu Osório!"
Osório olhou a pessoa, com cara de quem estava estranhando,
mas não disse nada.
- "Não está se lembrando de mim?"
Insistiu.
- "Não, não estou."
-
"Sou eu, José Amorim, filho de Aurélio Padre Amorim, que mora na Lagoa do Rancho."
-
"Filho de Aurélio Amorim? Não estou lembrando não", repete o octogenário.
O cidadão se aproxima de Osório e lhe diz no ouvido o seu apelido de infância, que não lhe agrada, e pelo qual não gostava de ser chamado, mas que àquela altura parecia ser a única
forma de ser lembrado:
-
"Sou eu, Xexéu!"
Então Osório, falando de modo que todos
na roda de amigos e parentes escutassem, falou:
-
"Xexéu!? É você? Por que não disse logo: é Xexéu, e pronto! Xexéu!"
Acabrunhado, o Amorim saiu arrependido de ter revelado a
sua identidade "secreta", aquela pela qual todos o conheciam, mas que
se recusava a aceitar.
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