sábado, 5 de maio de 2012

OS MARCOLINOS



Dois Marcolinos Mouras tiveram grande expressão política no velho sertão da Bahia. O primeiro deles, Marcolino de Moura e Albuquerque, se destacou nacionalmente, lutou na Guerra do Paraguai, em 1865-67, e como deputado federal contribuiu para a elaboração da primeira Constituição da República, em 1891. O segundo, Marcolino Rizério de Moura, foi Intendente de Brumado por aproximados dezoito anos, uma espécie de prefeito interventor. 

Entre eles o sobrenome Moura não é mera coincidência, uma relação de parentesco os uniu. Marcolino Rizério de Moura era filho de Wenceslau Rizério de Araújo e Constança Rosa, dos Moura de Boa Sentença. Diz-se que graças à influência do pai, Marcolino Rizério teria sido nomeado, em 1905, Coronel da Guarda Nacional e comandante em chefe da Comarca de Caetité. Cargos estes reservados a líderes políticos locais, integrando um mecanismo que garantia estabilidade ao sistema vigente. O certo é que a projeção política do coronel Marcolino  como Intendente se dá tempos depois, em três mandatos, tendo o último se encerrado em 1948.

Marcolino de Moura e Albuquerque por sua vez, era filho de Manuel Justiniano de Moura e Albuquerque, figura de relevo no episódio da guerra dos Mouras versus Cangussus. 

Para entender a relação familiar entre os Marcolinos, temos que retroceder a um parente comum aos dois, ao Intendente e ao Deputado: trata-se de Martiniano José de Moura Magalhães. Este senhor era o pai do já citado Manuel Justiniano. Nos documentos históricos disponíveis até o momento, não há menção ao nome daquela que seria sua irmã: Maria Carlota de Moura. Casada com José Moura, tiveram como filha Constança Rosa de Moura. Esta, já mencionada, veio a ser esposa de Wenceslau Rizério de Araújo. 

Confirmada a hipótese de que Manuel Justiniano e Maria Carlota são irmãos, o velho Marcolino seria primo de Constança Rosa e, portanto, "primo segundo" do seu homônimo mais jovem. Marcolino de Moura e Albuquerque era ainda irmão do Barão de Santo Antônio da Barra, José Egydio de Moura e Albuquerque; e primo do Barão de Vila Velha, Joaquim Augusto de Moura e Albuquerque. 

Por isso mesmo, diz-se, e assim se explica, que Constança Rosa de Moura fosse prima do Barão de Vila Velha. Pela mesma circunstância de parentesco, justifica-se o fato de o referido Barão, ao partir das Minas de Rio de Contas para radicar-se ao final no Rio de Janeiro, ter deixado grande parte de suas posses e bens sob a guarda de Wenceslau Rizério de Araújo, com a condição de que lhe pagasse, em tempo certo, o valor por eles ajustado a título de remuneração. 

Se Marcolino Rizério de Moura esteve entre os primeiros familiares a ocupar função administrativa tão importante no nível municipal, pois seu tio José Egydio também o fora em Condeúba, coube a Marcolino de Moura e Albuquerque a condição de primeiro deputado na Assembleia Legislativa. Embora tenha estreado no Congresso Nacional como deputado federal em 1877, também ocupou o cargo de deputado provincial na Assembléia Legislativa. Provincal porque só após o advento da República, a Bahia, assim como as demais Províncias, passa a ser denominada Estado. 

Sobre o deputado Marcolino deve-se acrescentar que foi abolicionista, ao lado de Joaquim Nabuco. Foi também estudante na Faculdade de Direito de Recife, época em que conheceu o jovem Castro Alves. 

Curiosamente, Marcolino de Moura e Albuquerque teve o apoio político-eleitoral do Coronel Exupério Cangussu, com quem seu pai, Manuel Justiniano, cultivou grande rivalidade anos antes, quando se registraram vítimas fatais entre os dois lados.

NVJ

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